#1 Crónicas da amamentação

Então vamos lá: a amamentação!

É dado adquirido que as vantagens em termos de saúde para o bebé são enormes. Que não há alimento tão completo e complexo no mundo, e que é impossível replicar tamanha perfeição nutricional. Ou seja, a pressão aumenta: amamentar é importante para o bebé.

Desta vez senti que ia mergulhar de cabeça neste assunto, estava pronta para não cometer os mesmos erros que cometi no Zé.
No Zé achava que o meu leite não era suficiente, questionava cada vez que ele chorava se não seria fome. De tal forma que cheguei a desejar profundamente iniciar o biberão sob as desculpas anteriores. E assim foi, amamentei em exclusivo até aos 2 meses e depois fui reduzindo por demanda dele e não minha.
Desta vez não sei até quando vou amamentar! Até porque confesso que tenho um biberão de reserva, e que sempre que passo por ele olho de esguia. Amamentar não é fácil, e respeito quem não o quer fazer.
Mas pus esta pressão em mim: querer que corra melhor!

E agora a minha experiência:

#1 No hospital à primeira hora ela veio à mama. Uma espertalhona. É impressionante a natureza humana, ela sabia bem onde se dirigir e desempenhou bem a sua função. E eu de tanto olhar para ela que senti-me literalmente mal (ahaha). Tive uma hipotensão e imensas náuseas (bem que a enfermeira Manuela me tinha avisado para não olhar muito para a bebé... percebi bem porquê), mas fui logo 'socorrida' e rapidamente passou.

#2 Nos dois dias seguintes, os da estadia no hospital, a Pilar esteva bastante nauseada, chegou a fazer uma lavagem e aspiração gástrica porque bolsava constantemente e fez bebegel porque teve cólicas para expelir todo o mecónio.
Tudo normal. Eu estava pronta porque tinha acontecido de forma semelhante com o Zé. Mas ela chorou.... chorou imensooo!! E eu dava mama.
Mama para tudo: pelo calor, pela dor, pelo conforto, pela cólica, pelo sono ou só porque eu entrava em desespero e não sabia fazer 'outra coisa'!! Os mamilos não estavam prontos para tanta agressão... e ficaram macerados.
Mais uma vez recorri aos ensinamentos da enfermeira Manuela: arejar, lanolina e os coletores de leite (também para arejar).

Minha gente: dói!! Dói, mas passa!! :)

De qualquer forma, com tanta ida à mama, a Pilar perdeu cerca de 7% do peso. A enfermeira e a médica alertaram logo: se não aumentar peso, vai precisar fazer suplemento!! Depois daquilo tudo foi um balde de água fria.
Mas eu ainda não estava pronta para desistir... maminhas, maminhas, maminhas, até à ida ao centro de saúde fazer o teste do pezinho e pesar. E a Pilar já tinha aumentado bastante peso... e eu fiquei super feliz!


#3 Logo que fui para casa, começou a melhorar. Até à 'subida' ou 'descida' do leite. Que foi sensivelmente no dia/noite do incêndio. Não tive muito tempo para pensar no assunto, muito menos sentir. Tomei os ben-u-ron's todos que tinha direito (porque não tinha tomado nem um durante a gravidez) e no meio de malas e do susto não me pude dar ao luxo de reclamar de dor.
Mais uma vez recorri às dicas preciosas da enfermeira Manuela: aplicar calor depois da mamada para drenar um pouco o leite, lanolina e depois gelo pelo efeito anti-inflamatório !
 E assim foram os dias seguintes... quer dizer, até hoje! Mas já sem dor.


#4desespero. O choro do bebé é desesperante. Já ouviram algum recém nascido a chorar... incomoda não é?! E quando é nosso, incomoda ainda mais. Naqueles minutos de choro, passa-nos tudo pela cabeça! Quando digo tudo, é tudo mesmo! É desesperante, parece uma montanha russa de emoções. No fundo sabemos que é apenas o resumo de: noites mal dormidas, de flutuações hormonais, de tantos novos receios... e que no final, ela vai adormecer e parar de chorar! Mas ui, o mais fácil é pensar que o leite é fraco.


Para me consolar ponho-me a imaginar como seria antigamente.
Imagino as mulheres das cavernas: será que não lhes doíam as mamas?! O que faziam para não ter dor?! Será que reclamavam da falta de tempo para si? Será que tinham lanolina? Onde é que compravam as bombas de extração de leite?
Ponho-me a pensar e acho que devia ser mais fácil se fossemos mulheres das cavernas, como não conhecíamos outra realidade, não reclamaríamos!
Não tínhamos mais 'nada para fazer', não tínhamos que nos 'esconder dos outros' para amamentar em sítios públicos, e não conhecíamos outra realidade.
Mas eu não vivo sem o meu Mac, nem o meu telemóvel, nem a minha música ou os meus cadernos... e quero na mesma ver a minha bebé crescer a ser amamentada (quero muito mesmo!).
E esta é a nossa realidade!!

Parece-me bem mais difícil ser uma mãe-ativa-que-amamenta-do-século-XXI, que uma 'mãe das cavernas'! 

[Obrigada a todas que leram até aqui, sei que o post foi enorme. Este post não tem por fim ter indicações terapêuticas ou cientificas como é por hábito. É sim um relato pessoal de uma experiência na primeira pessoa :) ]



O meu mundo cor-de-rosa! ;) 




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