Hoje em dia temos várias dúvidas em relação a várias coisas ... a origem e qualidade da produção biológica é uma delas. Então deixo-vos aqui um artigo muito esclarecedor da OrganicA publicado no Jornal da Madeira em Julho deste ano.
Quem me garante que é bio?
A dúvida faz parte da condição humana. Se por um lado esta característica
é benéfica, porque permite não aceitar tudo aquilo que nos impõem e apostar
naquilo em que realmente acreditamos, por outro lado a incerteza gera desconfiança
e pode comprometer a credibilidade de todo um sector!
O verdadeiro problema é por em causa sem tentar esclarecer, não reclamar
quando se justifica, não perguntar directamente quando a dúvida se levanta. Não
exigir garantias!
A agricultura biológica é frequentemente questionada por agricultores que
não acreditam, por consumidores que duvidam, por cientistas defensores de
outras causas, pela indústria fitofarmacêutica que se move pelo lucro fácil,
por gente sem argumentos só porque não!
É um género de “preso por ter cão e preso por não ter”: Quando aparecem,
no mercado, produtos pequenos, feios e deformados, perguntam como pode a
agricultura biológica produzir com qualidade e em quantidade suficientes para
satisfazer as necessidades de consumo? Quando surgem alimentos grandes,
bonitos, maiores do que o normal para a espécie cultivada, questionam sobre se
aqueles produtos não terão levado adubos químicos para crescerem mais e mais
depressa, apesar do regulamento o proibir. A maior parte dos técnicos e dos
agricultores acreditam que, sem pesticidas de síntese, não é possível fazer
agricultura, mas admitem que os agricultores biológicos não fazem nada de mais
ou de especial, porque os seus antepassados também o faziam! As próprias
autoridades insistem que é necessário apoiar a agricultura biológica pela perda
de produtividade que envolve a transição para um modo de produção mais amigo do
ambiente, gerando dúvidas sobre a sua viabilidade, em vez de pagar pelos
serviços que os agricultores biológicos prestam a favor da saúde dos
consumidores e do planeta!
Contudo, a dúvida gera conhecimento e traz também a necessidade de obter
provas que fundamentem a autenticidade do produto em questão.
A Agricultura
Biológica dá-lhe garantias. Peça-as!
O Modo de produção biológico é regulado por normas previstas em
legislação específica (Reg (CE) nº 834/2007), sendo controlado e certificado
por um organismo independente (neste momento existem 4 organismos acreditados
na Madeira), que após verificar que o operador, seja ele agricultor, preparador
ou importador, cumpre com todos os requisitos legais e processuais, emite um
certificado de conformidade que deverá acompanhar o produto em todas as suas
fases até ao consumidor final, que tem o direito de “ver para crer”.
A venda dos produtos biológicos na própria exploração requer a emissão de
factura e preenchimento da tabela de registos de venda facultada pelo organismo
de controlo a que a exploração está submetida. O operador deverá ter o seu
certificado de conformidade (garantia que é produto produzido em modo de
produção biológica) devidamente actualizado para mostrar e/ou facultar ao
consumidor, se o mesmo o solicitar.
A venda de produtos biológicos no mercado local é
notificada ao organismo de controlo. Caso o operador manifeste o desejo de
comercializar produtos de outros agricultores biológicos deverá requerer a
certificação como preparador. Os certificados de conformidade deverão estar
fixados em local visível para que o consumidor possa ler, sempre que assim o
entender.
Em estabelecimentos ou locais onde sejam
comercializados produtos convencionais e biológicos simultaneamente, os
produtos biológicos deverão estar embalados e fisicamente separados dos
restantes produtos.
O operador deverá assegurar que os produtos
biológicos são transportados em embalagens fechadas, de modo a que o seu
conteúdo não possa ser substituído sem manipulação ou danificação do selo e devidamente
identificados.
Os consumidores que
compram produtos com o logótipo da UE para a agricultura biológica podem
confiar que:
- Pelo menos 95% dos
ingredientes que compõem o produto transformado foram produzidos em modo
biológico;
- O produto cumpre com
as regras impostas pelo Regulamento Europeu da Agricultura Biológica que estabelece
a obrigatoriedade da certificação por um organismo acreditado e a notificação
da actividade às autoridades competentes em cada região.
- O produto veio
directamente do produtor ou do transformador numa embalagem selada;
- O produto tem indicado o nome do produtor, transformador ou revendedor e o nome ou código do organismo de controlo.
- O produto tem indicado o nome do produtor, transformador ou revendedor e o nome ou código do organismo de controlo.
Existem fraudes na
agricultura biológica? Claro que sim. Como em qualquer outra actividade,
existem oportunistas que tentam enganar o consumidor e existem pessoas que
fazem referência ao modo de produção biológico, sem estarem devidamente
certificadas. No entanto, qualquer não conformidade com o regulamento é punível
por lei.
Por outro lado, a
rastreabilidade, o controlo e a pressão do consumidor são muito maiores no modo
de produção biológico. A quantidade de amostras colhidas para análise, quer
pelos organismos de controlo quer pelas autoridades competentes é também
consideravelmente maior na agricultura biológica e os resultados, nomeadamente
os avançados pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), nos
seus relatórios anuais de pesquisa de pesticidas, provam que é muito mais
seguro e saudável consumir bio!
Para não se deixar
enganar, conheça estas normas base, questione o produtor, questione a entidade
certificadora, se necessário.
www.facebook.com/organicamadeira
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